Sementes de Futuro: A Nova Caminhada Vocacional e Formativa 4i1a3x
09/06/2025
O Capítulo Provincial de 2024 marcou um momento importante para o Secretariado de Formação e Estudos em nossa Província. Após um triênio de idas e vindas por conta do Fórum de Formação e Estudos, os frades sentiram-se maduros e preparados para dar um o corajoso: aprovar e vivenciar uma formação mais inserida na vida concreta da Província.
Vale a pena recordar os acordos propostos por ocasião do Fórum, que ajudaram a moldar o Projeto Formativo Provincial aprovado em Capítulo:
- “Busque-se a ruptura com as mentalidades e métodos formativos ligados aos grandes seminários do ado;
- considera-se imprescindível a ruptura com métodos formativos firmados na tutela exacerbada, com pouco espaço à promoção da liberdade e autonomia do formando, diante de sua resposta à proposta da vida religiosa;
- respeite-se o processo de amadurecimento de cada formando, garantindo um acompanhamento cada vez mais personalizado, sem a preocupação imediata com o tempo de conclusão da etapa e aprovação à seguinte;
- fomente-se mais iniciativas de inserção pastoral e evangelizadora, bem como a aproximação da realidade social e eclesial local aos formandos;
- garanta-se que a integração do formando à vida da fraternidade local seja marcada por relações de fraternidade, considerando a evidente gradualidade do processo formativo no qual o formando se encontra, de modo que se trate de uma única fraternidade franciscana”.
Ancorado nos Documentos da Ordem e nas propostas encaminhadas ao Capítulo Provincial– fruto de um longo processo de escuta e discernimento – o Projeto Formativo propôs uma nova dinâmica estrutural para as etapas das FAVS e para o Pós-Noviciado, até então chamados de Aspirantado e tempo de Filosofia e Teologia.
O tempo de acompanhamento vocacional continua sendo desenvolvido em cada uma de nossas fraternidades, onde um frade local é responsável por acolher, acompanhar e motivar os irmãos e fiéis a assumirem a corresponsabilidade pelas vocações. Após essa etapa inicial, os vocacionados am por um período de convivência e são encaminhados às Fraternidades de Acolhimento Vocacional (FAVs).
Em fevereiro deste ano, encaminhamos nove vocacionados para essa etapa, dos quais perseveram: Vitor Emanuel Comelli 19 anos, de Chopinzinho, Igor Mateus Sposito 27 anos, de Guarulhos, Mateus Fernando Porcatt, 29 anos de Itajaí, Miguel Angelo Felipe 19 anos de Ituporanga, Rodrigo Borges 31 anos, de Florianópolis, Rodrigo Reali, 22 anos de Vargem Grande Paulista e Vinicius Henrique Bazzo 19 anos e natural de Sorocaba. Durante um tempo em Ituporanga, eles vivenciaram a primeira experiência de morar em uma fraternidade franciscana. O principal desafio foi a adaptação a um novo estilo de vida, agora regido pela oração, convivência fraterna, estudo e trabalho. Foi um período importante de conhecimento mútuo do grupo.
Para o vocacionado Matheus, a vivência na casa de Ituporanga foi fundamental: “Neste breve período tivemos formações franciscanas, acompanhadas também de encontros com a psicóloga que ajudou a fortalecer nosso convívio. Aprendemos mais sobre o cuidado da casa, que agora é uma casa para acolher e cuidar dos frades idosos; pudemos realizar atividades pastorais no AMA, visitando os acolhidos no abrigo Mão Amiga”. Esse tempo de convivência deverá sempre preceder o ingresso nas FAVS, com o intuito de oferecer uma experiência mínima de vida fraterna e de gerar vínculos entre aqueles que caminham juntos nesta etapa. As próximas experiências acontecerão no Seminário Frei Galvão, em Guaratinguetá.
Em maio deste ano, os vocacionados foram enviados para fraternidades da Província, a fim de aprofundarem seu discernimento. As comunidades que os acolheram neste primeiro semestre foram: o Convento de Lages com orientação de Frei Laurindo Lauro, o Convento Bom Jesus de Curitiba, sob os cuidados de Frei Evaldo Ludwig e a fraternidade de Chopinzinho com Frei Junior Mendes.
De acordo com o Programa Formativo, as FAVS deverão possuir características específicas, de modo que tanto os frades quanto a fraternidade local contribuam efetivamente com a formação dos vocacionados. O objetivo é preencher possíveis lacunas, valorizar dons já existentes e oferecer espaços de aprofundamento na fé cristã, vivência da espiritualidade franciscana, convivência fraterna, serviço aos irmãos e oportunidades para evangelizar e ser evangelizado. O acompanhamento personalizado é um princípio que deve ser cada vez mais valorizado.
Durante essa etapa, não se espera que os vocacionados tenham uma formação programática como nas etapas posteriores. A convivência com a fraternidade, sem excluir momentos de estudo e reflexão, deve criar um ambiente propício ao discernimento vocacional, amadurecimento da decisão e ao desejo sincero de abraçar a Forma de Vida dos Frades Menores.
Os vocacionados Igor e Vinicius partilharam sua experiência em Chopinzinho: “Fomos acolhidos na fraternidade no dia 19 de maio de 2025, chegamos curiosos, empolgados e confiantes nas novidades que esse novo período nos proporcionaria. Bem recebidos pelos frades Frei Junior Mendes, Frei Diomedes e Frei Wilson, assim como pelos funcionários e toda a comunidade local. Desde o início fomos inseridos nas atividades pastorais: liturgia, visitas a famílias, comunidades rurais, comércios, hospitais… Participamos de encontros com jovens, coroinhas, momentos de espiritualidade e da Santa Missa. Em comum, podemos afirmar que, na realidade do ‘Vinde e Vede’, ao mesmo tempo em que vivenciamos a rotina da fraternidade, conseguimos experimentar com profundidade os fundamentos da nossa formação: oração diária, trabalho em comum, estudo, esporte e convivência fraterna. Esperamos que nossa presença aqui seja tão positiva para a comunidade quanto está sendo para nós”.
Já os vocacionados Miguel, Rodrigo Borges e Vitor Comelli destacam sua participação na tradicional festa de Santo Antônio, em Curitiba: “Nossa vivência tem sido muito boa. Participamos ativamente das celebrações, temos um estudo rico sobre as fontes franciscanas e rezamos Laudes e Vésperas com os frades. A comunidade nos acolheu muito bem, assim como os irmãos da fraternidade. A festa de Santo Antônio tem nos ensinado muito sobre a devoção e o envolvimento da comunidade, especialmente pela dedicação dos leigos que trabalham com empenho e generosidade. A experiência tem sido enriquecedora”.
O frio de Lages acolheu calorosamente os vocacionados Rodrigo Reali e Matheus, que expressaram assim sua alegria: “A convivência com Frei Ervino nos alegra todos os dias, pelo seu exemplo de vida. Chegamos à fraternidade de Lages, onde fomos recebidos com muito carinho e amor pela comunidade”.
Durante esse tempo em que eles estão em diferentes fraternidades, encontros periódicos online estão sendo promovidos pelo Animador Vocacional Provincial, com o intuito de manter a integração do grupo. O primeiro encontro, realizado em 4 de junho, permitiu que cada vocacionado partilhasse suas impressões e as especificidades de sua fraternidade. A avaliação inicial foi muito positiva, gerando satisfação com a experiência. Espera-se que esse tempo contribua para eles amadurecerem a decisão de ingresso na etapa do Postulantado.
É gratificante ver que o caminho pensado e amadurecido ao longo dos últimos anos vai ganhando forma e se concretizando. A implantação plena das FAVS – agora sem uma casa específica como Ituporanga e sem uma equipe formadora exclusiva, mas com a participação de muitas mãos – é fruto de um processo de mais de uma década, com tentativas, erros, acertos e, sobretudo, muita boa vontade. Buscou-se sempre integrar as orientações da Ordem e responder ao apelo dos frades da Província por uma formação mais inserida e real.
Do mesmo modo como hoje se concretizam os os da animação vocacional e das FAVS, o Conselho da Formação Inicial e o Secretariado para Formação e Estudos trabalham propostas concretas para o Pós-Noviciado em 2026. A proposta é que aconteça não mais no “abscôndito” de Rondinha, mas no Convento Bom Jesus de Curitiba ou no Convento São Francisco de Assis, em São Paulo, na tentativa de estarmos mais “inseridos” como nos pedem a Igreja e a Ordem. A ideia é conciliar o aprofundamento reflexivo intelectual com a vivência prática nas Frentes de Evangelização da Província. Aos poucos o pensado, debatido e aprovado no triênio ado vai conseguindo se concretizar no presente, com esperança no futuro.
Frei Jeâ Paulo Andrade